segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Prêmio Anu - por Siro Darlan



O PRÊMIO ANU E A DIGNIDADE DA PERIFERIA
(by Siro Darlan)


Foi emocionante a entrega do Premio Anu aos melhores projetos sociais destinados a melhorar as condições de vida das pessoas que vivem nas favelas e periferias das cidades.
Ver O Teatro Municipal do Rio de Janeiro lotado de pessoas humildes e solidárias com seus irmãos mais desafortunados foi como ver como será o amanhã desse grande país onde nascemos e vivemos.
Resgatando as palavras de São Paulo na Carta aos Coríntios: "também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus, e não na sabedoria dos homens”. A premiação das ações positivas arquitetadas por pessoas humildes, mas solidárias para ajudar a dar dignidade aos co-irmãos é mais que um grito de superação das dificuldades, é um testemunho da vitória contar o preconceito e as desigualdades.

Nada melhor do que o Cantinho do Zito, uma horta para ensinar as crianças pobres do Acre a lavrar a terra e tirar da natureza o seu sustento com respeito ao meio ambiente e caminho para inclusão social. Já Alagoas optou por ações culturais do Projeto Erê para resgatar a dignidade das crianças de rua de Maceió, enquanto Amapá investe no Reforço Escolar para incluir jovens da periferias através da educação, assim como Amazonas que também optou pela educação dos povos indígenas.

A Bahia criou o programa um milhão de cisternas para combater a seca que assola a região do agreste baiano para erradicar a exclusão social e o Ceará partiu para a inclusão digital desenvolvendo na favela do Pirambu o Projeto Bila com a criação de uma Biblioteca Popular para estimular a leitura e promover a inclusão digital.
O Distrito Federal utiliza a música e a cultura através do Projeto Batuqueiros para gerar empregos e melhorar as condições das famílias que vivem em locais de baixo índice de desenvolvimento humano.

O Espírito Santo criou um Centro Cultural onde leva aos jovens em vulnerabilidade social a formação cultural, esportiva, humana e lazer.
Goiás optou pela erradicação do trabalho infantil promovendo o crescimento intelectual na busca do exercício pelo da cidadania.
Já o Maranhão buscou alternativas de inserção no mundo do trabalho através do Projeto “O sonho dos Erês”, e Mato Grosso construiu num bairro com péssimas condições de saneamento básico o Balé da Flauta Mágica com promoção do desenvolvimento familiar sobre educação, sexo e drogas.

Mato Grosso do Sul com o Projeto Tecelagem Indígena promove nas aldeias os pontos de leitura, de Hip-Hop, de tecelagem indígena e outras atividades artísticas.
Minas Gerais prepara jovens de comunidades carentes de Belo Horizonte para serem agentes transformadores nos locais onde vivem, atuando na prevenção das DST/AIDS e da gravidez não planejada.
O Pará criou Novas Práticas Educativas através da Rádio Margarida que promove a valorização dos direitos humanos e cidadania, meio ambiente, saúde, arte, comunicação social e cultura.
A Paraíba educando o povo na colheita de água da chuva nas cisternas, telhados e lajeados através do Projeto Recursos Hídricos – Acesso e Manejo sustentável, beneficiando 713 famílias do sertão.

O Paraná criou uma forma de renda adicional ensinando a produzir materiais de limpeza caseiros e Pernambuco com a Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares incentiva a leitura e a construção de novos cidadãos e leitores.
Enquanto Piauí articulou ações no campo da mobilização social e educação ambiental capacitando jovens de baixa renda para a produção e comercialização de doces de frutas tropicais e o Rio de Janeiro criou uma oficina de teatro com atores da comunidade que através do Espetáculo Urucubaca oferece uma reflexão sobre a vida contemporânea e uma visão bem-humorada de temas como amor, sexo e violência.

O Rio Grande do Norte optou pela alfabetização de idosos, ocasião na qual além de aprender a ler e escrever, são iniciados em atividades laborativas com aulas de fuxico, crochê, desenhos, pinturas e atividades lúdicas que estimulam a manter a mente sempre ativa. Enquanto no sul o outro Rio Grande investe na vulnerabilidade social e pessoa de jovens ensinando a fazer o pão. É o que faz o Projeto Orfolinho BBPO com cursos de panificação e confeitaria.

Rondônia com o Projeto Marias atende meninas entre 11 e 18 anos oferecendo atividades que encorajem a visualizar possibilidades futuras através de atividades como visitas domiciliares, palestras, atendimento médico, esportes, orientação psicológica e cursos profissionalizantes; e Roraima para suprir as necessidades das famílias abaixo da linha da pobreza criou as hortas comunitárias, oferecendo desse modo instrumentos de sobrevivência e uma convivência familiar sadia.

Santa Catarina desenvolve ações preventivas, educativas e conscientização dos efeitos maléficos do uso de crack em parceria com a Comunidade Unida contra o crack; e São Paulo criou o Cine Favela para promover na comunidade debates reflexivos e promover o protagonismo de sua própria história.

Sergipe emocionou a todos com o trabalho social de um vendedor de picolé que trabalha e pede dinheiro nos sinais de trânsito para sustentar 80 crianças que freqüentam a creche Ação Solidária Almir do Picolé; e Tocantins priorizou a qualidade de vida do povo da floresta ensinando atividades na área da beleza física ensinando a valorizar o corpo e a ações cidadãs.

Assim o povo da periferia com a liderança da CUFA começa sua revolução cultural pacífica para dar vez e voz às comunidades excluídas. A Ocupação do Teatro Municipal foi de um simbolismo ímpar, pleiteando com ações positivas a igualdade de oportunidades e respeito aos diretos fundamentais de todos os brasileiros.

(Siro Darlan é Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia)

2 comentários:

  1. Muito massa o texto, mais uma bela homenagem aos premiados de cada estado parabens ao companheiro Sirio fazendo justiça não só no tribunal de justiça!

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  2. A gente sente até esperança e vê que não existe só a "BANDA PODRE" mas também muita gente que contribui com um mundo melhor, mais digno!!!!!

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